Ao olhá-los lembrar-me-ei de ti, minha flor
Assim como a orquídea branca me lembra a minha mãe, ao olhar os lírios lembrar-me-ei de ti.
Tenho o jardim dos meus mortos dentro de casa e é nele, quando a saudade aperta, que descanso a minha dor.
Sempre esta angústia. Sempre este aperto no peito e nó no estômago, receando uma desgraça eminente. Uma partida, uma perda, uma morte, a saudade de alguém querido que nunca mais se verá. Protejo-me. Defendo-me. Isolo-me. Não se perde quem não se tem. Mas não nascemos sozinhos, do nada, e somos seres sociais. Existem sempre uma mãe e um pai. Uma família. Uma teia social que se vai rasgando com o tempo. Os seus fios vão-se partindo pelo caminho. Com ele, todos morrem, é o inevitável axioma da vida.