"Enquanto seres humanos, somos especialistas no estudo dos comportamentos de acasalamento das outras espécies. (...) No que toca a escolher um parceiro para nós mesmos, porém, poucos seres humanos parecem ser bem-sucedidos, quanto mais entender verdadeiramente o processo dessa escolha. A maioria das espécies animais não parece ter grandes problemas na escolha de parceiros, nem a lidar com os relacionamentos. (...) O estado dos nossos relacionamentos com os nossos parceiros - ou a falta de parceiros - constitui fonte constante de discussão (...). Poucas coisas nos causam tal prazer e alegria, ao mesmo tempo, provocando-nos paradoxalmente tanta dor e desespero." (Allan e Barbara Pease)
Fui ontem ver o "Shame". Um filme sobre a solidão, como um homem e uma mulher a (sobre)vivem. Ele, refugiando-se atrás da frieza de um escudo e de um falso equilíbrio que o faz parecer intocável, mas a todo o momento capaz de ruir ao mais pequeno toque. Ela, implorando afecto, autodestruindo-se para sobrepor a dor física à emocional, ou mesmo acabar com ela de vez. Um filme sobre a dificuldade de comunicação: a incapacidade dele em verbalizar emoções, de as aceitar, de as reconhecer, até, e o exagero dela em manifestá-las, em mendigá-las. Duas pessoas sós, tão sós, dois irmãos perdidos na impotência de um abraço quando é, tão só, isso o que ambos precisam.