Sexta-feira, 10 de Julho de 2009
Quinta-feira, 9 de Julho de 2009
Saio para comprar pão na mercearia da esquina. Depois, atravesso a rua para o jardim do Passeio Alegre e entro no Chalé Suíço para jogar no Totoloto e no Euromilhões. Acredito veementemente que um destes dias, um deles me saíra. Porém, quando vou para preenchê-los, ocorre-me sempre a dúvida, perante tantas possibilidades de conjugações.
Regresso a casa pela marginal. Debruço-me, e espreito as grandes pedras que separam o rio do muro. Lá em baixo, correm, felizes, ratos, ao entardecer. Ratos cinzentos, feios, de grandes caudas e portadores de doenças. Imagino serem uma família. As crias brincam. Saltitam de pedra em pedra, divertidas, para logo se esgueirarem por entre elas num jogo de esconde-esconde, infantil. Uma ratazana gorda, de pêlo opaco e gasto, vagueia por ali. Adivinho-a a mãe. Tiro do saco um pão e faço-lho chegar em pequenos pedacinhos. Os filhos assustam-se e fogem; ela, experiente, sem medo, fareja na sua direcção. Os infantes imitam-na. Repito o gesto vezes sem conta, e fico ali, entretida, a observá-los até me fartar de os ver regozijarem-se com o maná que lhes envio do céu.
Continuo caminho. Penso nos roedores. Era inimaginável aqueles seres nojentos terem alguém que lhes desse de comer. “Saiu-lhes a sorte grande”, deixo escapar em voz baixa. E sorrio optimista. Afinal, pode ser que Deus, ou lá que entidade é que dá sorte ao jogo, se queira divertir comigo também.
Terça-feira, 7 de Julho de 2009
© Foto: ? / Na foto: Stephanie Seymour
Sem Adão. Apenas com a serpente.
Personagens:
• Simão, 7 anos
• Eu
• Um grupo de amigos e os seus filhos
Cenário:
Verão, férias, calor, e um grupo de amigos reúne-se, depois do jantar, no bar do hotel, ao pé da piscina, para tomar café e conversar. Os seus filhos brincam por ali. O Simão é um deles.
De tronco nu, vejo-o brincar com duas palhinhas de plástico.
A certa altura dirige-se à nossa mesa e diz:
Acção:
– Vejam só o que eu inventei!
Debaixo de cada um dos braços – dobrados como se imitasse as asas de uma galinha – trás, enfiadas nas axilas, uma das extremidades das palhinhas. Nas outras, que segura com as mãos e que com agilidade faz chegar até à boca, sopra, alternadamente, à medida que mexe ligeiramente para cima e para baixo os braços, como se ensaiasse o bater dos membros das ditas aves. Emite um som estranho, oco, gasoso, ritmado pelo movimento dos braços que nos faz desatar a rir. Ufano com o feito, ele explica:
– Chama-se Saxo-sovaco!
Quinta-feira, 2 de Julho de 2009
Ando há que tempos para postar isto.
Quarta-feira, 1 de Julho de 2009
"De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?"