Terça-feira, 16 de Junho de 2009
É sempre a mesma coisa, quando entro numa dessas grandes ópticas para comprar lentes de contacto e chega a hora de registarem a compra, pedem-me o nome da “fichinha”. Não há fichinha. Como não há, não é nossa cliente? Olham-me e reconhecem-me como habitué. Sou, mas não deixo os meus dados. Comprar lentes é, para mim, como comprar camisolas ou calças. Ou champôs. Ou cremes da cara. Não preencho fichas em lojas de roupa, nem em nenhuma outra onde não veja qualquer justificação plausível e do interesse do consumidor para isso. Ah, mas tem de ser! O sistema obriga a inserirmos os dados., insistem, consecutivamente. Quero lá saber do sistema! Inventem o que quiserem, os meus dados é que não põem aí!, repito vezes sem conta. E depois explico, educadamente, que não é nada contra elas, funcionárias, mas que sei como as coisas funcionam, que sou da área de marketing e que os elementos que elas inocentemente ali introduzem concentram informações valiosas sobre o perfil dos consumidores: quem são, que idades têm, onde vivem, o que compram… Elas miram-me, cépticas, e vejo-me obrigada a baixar o nível para entenderem. Dou exemplos. Explico que uma vez criei um nome fictício e que ainda hoje me chegam a casa cartas de empresas que nada têm a ver com aquela a quem dei os dados, porque esta os vendeu. Dizem-me que ali, basta “pôr uma cruzinha” que os dados não são passados a mais ninguém. Informo-as de que essa cruzinha vale zero. Elas olham-me ainda mais incrédulas, a pensarem que quem não percebe nada do assunto sou eu. Pacientemente, continuo com os exemplos. Que recebo mensagens de publicidade de um Health Club que nunca na vida frequentei, só porque uma vez, numa visita para ver se me interessava, cometi o erro – e que grande erro para quem percebe da poda! – de preencher uma dessas fichas. E pus a tal cruzinha!, acrescento, antes que argumentem. E explico-lhe que é um daqueles números cujo remetente é impossível de contactar e que mas enviam constantemente a qualquer hora do dia. Falo-lhes dos Cartões Continente e Jumbo e mais não sei do quê, e dos seus “fantásticos” descontos. Lembram-se que no início havia descontos em quase tudo? E agora, hein? Elas começam a ceder e a anuir com a cabeça, que sim, que queriam era apanhar-nos e que agora nada de descontos. E na IKEA, porque nos perguntam o código postal? Para saberem onde os consumidores vivem, para abrirem novas lojas onde se justifique, por exemplo. E sem pagarem nada a estes pelos dados que fornecem para esses estudos! E elas a seguiram-me, graças a Deus, que a minha paciência começava a esgotar-se. E já de nota em riste preparo-me para pagar e elas têm uma regressão brutal: mas aqui não é assim. Aqui somos um grupo internacional que não faz nada disso. Ora bolas! Se me dissessem que eram uma loja de bairro dava-vos mais depressa os dados!, exclamo já sem a mínima paciência. E uso trunfos mais valiosos: ameaço que vou comprar à loja do lado (que sei que me vai fazer a mesma coisa, mas elas não); que não têm consideração pelos clientes; que quero o livro de reclamações, que aquilo não é obrigatório, coisa nenhuma... E elas lá acabam por ceder e por criar uma ficha à toa e passarem-me manualmente o recibo. E lá ficamos outra vez “amigas”, às desculpas umas às outras, porque também me custa, digo-vos, sinceramente, falar assim com estas raparigas, que, coitadas, não percebem nada do assunto e que estão instruídas pelos responsáveis para procederem desta forma. Mas a verdade é uma só: saio da loja exausta e indisposta a pensar: fosse eu mais organizada e comprava com tempo na net! Era limpinho! Ao menos, não me chateava!
Domingo, 14 de Junho de 2009
Maria Bethânia - Lágrima
Já dizia o ditado.
Foto: roupa da Wenders
Vai chover outra vez! Acho que vou viver definitivamente para a Alemanha: tem um clíma mais ameno!
Sábado, 13 de Junho de 2009
Sexta-feira, 12 de Junho de 2009
© Foto: ?
Ó meu rico Santo António,
Não tenho jeito nenhum p`ra pobre.
Transformai esta sardinha,
Numa suculenta e mui nobre,
Lagostita suadinha.
Quinta-feira, 11 de Junho de 2009
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5345895350253667682" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5345894964696548178" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5345894709382523986" />Na foto: Natasha Poly para Vogue Paris
Se fosse gato, teria agora a cauda, inquieta, a ondular de um lado para o outro.
Invade-me um desassossego desconcertante que me tolhe as acções: não sei se leia, se escreva, se veja um filme ou se durma.
Foi assim todo o dia, com a chuva, incansável, lá fora, a bater nas pedras da calçada para nos ludibriar da ideia de que se aproxima o Verão.
Apenas uma coisa eu sei: estou constantemente a comer.
À medida que envelhecemos – e ao contrário do que seria suposto – ficamos mais gulosos do que quando éramos garotos. Babamos pelo Sushi, pelo bacalhauzinho no forno, pelo pãozinho com chouriço caseiro, pela batatinha gratinada... Quando somos crianças, ao menos, fazemo-lo apenas pelos doces. Raios partam a idade!
Quarta-feira, 10 de Junho de 2009
© Foto: Francis Hills / Na foto: Dita Von Teese
Pacientemente, espero que ressuscites. Na minha vida, Meu Amor.
Terça-feira, 9 de Junho de 2009
Abandonada anda a casa,
assim, como tu me abandonaste a mim.
Sexta-feira, 5 de Junho de 2009
L'Amant
Como o nosso, Meu Amor. Meu amante.
Quarta-feira, 3 de Junho de 2009
© Foto: Sofia Bragança Buchholz
Personagens:
• Simão
• Eu
Cenário:
Passamos em frente ao Tribunal da Relação do Porto. Imponente, a enorme estátua em bronze que se ergue defronte do Palácio da Justiça, chama a atenção do Simão. Curioso, ele pergunta:
Acção:
– O que é aquilo?
– Aquilo é a estátua da Justiça. É uma obra magnífica feita por um escultor chamado Leopoldo de Almeida – explico, enquanto nos aproximamos para a observar melhor. – Vês a balança que tem na mão? Significa que a justiça deve pesar bem as provas apresentadas de forma a tomar correctamente as suas decisões. Do outro lado, tem uma espada, vês? Esta representa a sua capacidade de exercer o poder de decisão.
Ele fica a admirá-la, por um momento, em silêncio. Depois, arrogante, exclama, recomeçando a andar:
– É a Justiça, a República, a Liberdade… Tudo mulheres! Depois como é que querem que estas coisas funcionem bem?!