Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2006
Depois da quantidade obscena de fadas pirosas com que me cruzei hoje na rua, estou seriamente a pensar mudar o nome deste blog para: “E os Noddys… também se enganam no Caminho?. Esses, sim, foram os únicos que de facto achei engraçados.
Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2006
Xenia Hausner - Ausser Atem, 2004
Os loucos são excelentes inventores de histórias e, só por isso, têm sobre os outros − os ditos normais − a vantagem de serem consideravelmente menos aborrecidos.
Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2006
Numa sazonalidade aleatória, imprevisível, alternava estados de espírito como quem muda de camisa.
Às vezes sentia-se eufórico, forte, confiante, capaz de subir montanhas, escalar o céu, ser, até mesmo, Deus; para depois, sem aviso, traiçoeiramente, os seus neurotransmissores bloquearem caminhos, ligações, impedindo a passagem dos impulsos nervosos, fazendo-o mergulhar naquele poço escuro, deprimente, angustiante, sem fim.
Mas, ele, o fim, chegaria um dia: uma semana, um mês, um tempo depois, numa subida vertiginosa − qual montanha-russa − de alucinada eloquência, de messiânica sabedoria, de fama e glória, de poder e virilidade que o embriagavam numa hiperactividade psicológica, numa festa neuronal que, invariavelmente, voltariam a desembocar numa dolorosa − e conhecida − ressaca.
Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2006
[Enviado, gentilmente, por José Nunes]
Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2006
Eu bem me parecia que Erre Manesse nos está a tentar enganar desde o inicio, que não é o contista de Jehru Bestseller, coisa nenhuma, e que aquele bilhete escrito a letras góticas, afixado na porta leste do Aldebarã em meados de Janeiro, não passou de uma nota falsa para nos despistar a todos.
Ainda recordo a face apavorada de Demiurgo a assomar-me à ponta da Montblanc, os seus delírios numa língua antiga, as referencias ao Zarapelho, ao Barzabum, ao Beiçudo… e de como resolvi aquilo muito prontamente, atribuindo-os a febres e enfiando-lhe dois BenUrons e duas aguardentes no bucho. É que às vezes os escritores também cometem erros e, não darem o benefício da dúvida aos seus personagens, é um deles.
Mas agora leio Paulinho Assunção que relata que viu Erre Manesse examinando-se ao espelho, procurando sinais de mutação no seu rosto, buscando vestígios filiformes exagerados e, mesmo sem os ter encontrado, ter voltado para junto dos demais com aquela expressão alucinada, única daqueles que já estiveram na presença do Chifrudo.Nota: O Bar Aldebarã é um projecto e ideia única e exclusivamente da autoria e responsabilidade dos escritores Manuel Jorge Marmelo e Paulinho Assunção, sobre o qual eu, com o conhecimento e consentimento dos autores, volta e meia, divago.
Domingo, 19 de Fevereiro de 2006
E, assim, ao ver os cabelos dela rasgados, baços, mortos, no chão, Demiurgo entrou em pânico.
Percorreu as divisões da casa com a urgência das fatalidades, correu ao jardim com a aflição das desgraças, demandou por ela em voz tremida, alta, histérica, sem receio ou vergonha do ridículo. Inquiriu, senhor Lavrador e sua loira esposa, dona Retrivier, dom Tareco, dona Plátano, senhor Carvalho… Correu a vizinhança: o merceeiro Augusto, o vendedor de carros Almeida, o doutor Albuquerque. Desceu ao rio, perguntou a pescadores, transeuntes, estrangeiros… palmilhou-o até à foz: indagou moradores, jornaleiros, turistas. Nada. Ninguém havia visto Lunata desde aquele dia em que, curvada como uma velhinha, se havia trancado em casa para hibernar na sua tristeza.
Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2006
Apeteceu-me pôr a Amália a dizer “ciclópentanoperídófenantrêno”. Não deixa de ser curioso ouvir essa mesma palavra em diversas línguas.
Cheguei à conclusão que ela não distingue o acento circunflexo. Para ela uma “foda” não passa de uma “fôda” e o "Fado", esse, é a mesma coisa que o "fâdo". [Via Azenhas do Mar]
Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2006
Ao despedir-me do meu sobrinho Simão, no quarto dos brinquedos, chamou-me a atenção o físico bestial e a carinha “laroca” de um boneco com que ele brincava. Fiquei a saber que era um “irmão” do ActionMan, o que interpretei como sendo uma cópia – neste caso, muito bem feita – do dito personagem.
Deve-me ter saltado a tampa do saudosismo, aberto a porta das lembranças, das tardes que às escondidas do meu irmão mais velho, ou aproveitando enquanto ele estava na escola, me deliciava com os dotes e beleza do “Mamo”, pois era assim que, no meu ainda incipiente vocabulário − mas já com apurado sentido estético e, está-se a ver, de sexualidade bem definida − eu pronunciava o nome de tão fascinante e bem feito boneco.
Tal era a minha paixão pelo brinquedo que fartos das gritarias do meu irmão, aquando dos flagrantes, e da respectiva choradeira da minha parte, alguém, não me lembro se a minha mãe, se a minha avó ou madrinha, teve a feliz ideia de me presentear com um desses bonecos. Mas se feliz foi, não se pode dizer que tenha sido inteligente, pois quem o fez teve, erradamente, atenção à minha idade (ou à sua bolsa) e escolheu um subproduto daquele, um homenzinho também de físico atlético, mas bem mais pequeno, vestido com uma roupa de combate (ou seria de safari?), com uns ridículos pés em forma de pino que encaixavam numas grosseiras botas de tropa (ou seriam de expedição?).
Ora, está visto que o meu amor continuou clandestino, suspirado nos intervalos de ausência do meu irmão em que, apaixonadamente, despia e vestia o “meu homem”, tirando-lhe o fato de combate para o substituir pelo de mergulho, e me entregava com ele nas mais diversas e perigosas aventuras, ficando o seu pretenso substituto abandonado, esquecido no berço das bonecas, confinado a gúgús-dádás, a biberões e xi-xis com as minhas ricas filhas.
Desmontou a cabeça, peça por peça. Azeitou, poliu, limpou com flanelas. Depois começou a montar. Pronta, viu que uma engrenagem tinha ficado na mesa. Pensou em recomeçar. Tentou. Não conseguiu. Faltava, para saber desmontar, aquela engrenagem principal.
Marina Colasanti in “Um Espinho de Marfim e Outras Histórias”; Figueirinhas, 2003; pg. 163
Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2006
"A dog pokes its head through a crack of the door during a traditional hunting contest in the Chengelsy gorge some 150 km (93.2 miles) east of Almaty February 11, 2006. Kazakhstan's national sport of Sayat - or hunting with golden eagles - is becoming increasingly popular in the Central Asian state. Berkutchi, or golden eagle hunters, from all over the country arrived for the annual two-day competition."
REUTERS/ Shamil Zhumatov
Domingo, 12 de Fevereiro de 2006
E Hitler, imortal no disco-sound</span>
A mais bela canção de amor do mundo VIII
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As mais belas canções do mundo continuam e é a vez do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, cantar uma melodia muito pertinente nos dias que correm</span>
A mais bela canção de amor do mundo VII
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Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2006