Personagens:
• Simão (7 anos)
• Eu
Cenário:
Ainda no carro, durante a conversa sobre as saudades dos seus melhores amigos, o Simão lamenta a pouca frequência com que vê o primo A.
O A. é filho da prima S. (que, ao ler estas linhas, deve estar a ficar assustadíssima com a conversa) que está separada do marido, facto que, na cabeça pouco experiente do Simão, deve causar alguma confusão.
Acção:
– O A. só vê o pai aos fins-de-semana – diz-me, em tom de quem está preparado para ter uma conversa sobre temas sérios.
– E, também, nas férias – acrescento, enquanto conduzo.
– Eu já vi o pai do A., uma vez – informa-me. – Ele não é nada parecido com o A.. Nadinha! – assegura-me.
– Pois não, o A. é mais parecido com a prima S. – digo, concentrada no trânsito.
– Porquê que a prima S. não voltou a casar? – pergunta, depois de um breve silêncio.
– Não sei, Simão, se calhar, porque ainda não encontrou um namorado com quem achasse que devia casar, novamente.
E, ele, pensativo, a abanar a cabeça, como quem lamenta uma desgraça:
– Ela é tão engraçada, é mesmo engraçada… é uma pena!