Sábado, 18 de Junho de 2005
comi o Lobo Mau.
Não resisti aos seus grandes olhos, à sua boca…
Ainda hoje sinto a azia das consequências desse meu acto selvagem.
© Reuters/ Rafiqur Rahman
"Combinaram encontrar-se no cartório, que ficava exactamente por cima da conservatória onde, um mês antes, um velho de voz enrodilhada e articulações rangentes lhes decretara o divórcio e ela vomitara o almoço aos pés da funcionária que assessorava o acto. Desta vez, porém, segurara o estômago com um jejum prolongado e apresentava-se calma, decente, vá, de sapatinho de salto e saia travada, a emanar respeitabilidade suficiente para aquietar qualquer desconfiança negocial da contraparte."[No Controversa Maresia]
Sexta-feira, 17 de Junho de 2005
que também não conhecia!
O que um sacana de um insurrecto botão vermelho consegue fazer pelo nosso estado de espírito num dia abrasante de calor?!!! Espantoso! Só um cabrão de um botão vermelho me poderia arrancar, hoje, um bom par de gargalhadas!
Obrigada, Possidónio!
Quinta-feira, 16 de Junho de 2005
"A Chinese security guard walks in front of a giant painting of a Chinese opera mask outside a construction site in Beijing's business district June 16, 2005. The black mask symbolises roughness and fierceness and indicates either a rough and bold character or an impartial and selfless personality."
16 Jun 2005
REUTERS/Reinhard Krause
Fonte: Reuters
Há muito tempo que não escrevo...
Fui “obrigada” a “trancar-te” aqui, neste espaço cuja chave, sob a forma de palavra, apenas eu conheço.
É tão difícil “fechar-te”...
É-me tão doloroso esconder-te...
Vives dentro de mim, fervilhas em cada um dos meus poros, reencontro-te a todo o momento em cada recanto da minha memória... é tão difícil fazer de conta... que não existes... mais.
Não sei se estava traçado no destino, ou se fomos nós a escrever a história, sei apenas que cada página da minha vida se transformou num conto que um dia pensei poder vir a ser de fadas. Sou menina... tenho esse direito! Sou menina... permitam-me a ingenuidade!... Essa fraqueza... ou beleza de acreditar que um dia se pode viver feliz — se não para sempre (tão menina também já não sou!), pelo menos por uma eternidade, esse tempo abstracto que temos a liberdade de definir.
Assim não quiseste.
Desconheço a razão, mas consigo imaginá-la... pressenti-la.
Assim não quiseste... e aceitei o teu “jogo” na esperança de o conseguir ganhar.
Fintei Peões...
Imaginei Cavalos...
Escondi-me em Torres...
Ouvi Bispos (falarem)...
Fiz “cheque” à Rainha... para chegar ao Rei.
Esgotei-me nas mentiras...
Cansada das correrias...
Ouvi o eco dos meus passos...
Nada percebi.
Pobre Rainha... não existe Rei!
Assim não quiseste e é-me difícil viver nesta ausência de cor, — sentindo a vermelho vivo — e ver a vida a preto e branco nesta espécie de xadrez que aceitei jogar contigo.
Não existem Contos de Fadas... mas não me digam... por favor! Sou menina...
Não existem Contos de Fadas, e o teu perfume que hoje trago comigo — “roubado” num tester de uma perfumaria — desaparecerá... mais tarde ou mais cedo... um dia.
Estou cansada, dói-me a ausência. Vou afasta-la com a lembrança daquela noite em que nos teus braços, recebi beijos e carícias — uma ilusão de protecção —, e acreditei que podia ser sempre assim...
© AP Photo/ Emilio Morenatti
Figo...
Se consigo sair do escritorio cedo, entao pego na bicicleta e vou dar um passeio pela borda do lago. Paro, falo com as pessoas que encontro, sobretudo pescadores. Pessoas simples, curiosas, que se aproximam e perguntam quem sou, o que faco... Nao e preciso fazer nenhum esforco para encontrar alguem com quem conversar, naturalmente comecamos com os cumprimentos, em kiswahili, com certeza! Depois rimo-nos da minha falta de jeito e comecam as perguntas. Ha sempre alguem que fala melhor o ingles e que assume o papel de tradutor.
- Donde es?
- Portugal.
- Oh! Luis Figo! E portugues, nao e? Conheces?
- Claro que conheco, agora esta a jogar em Espanha! digo eu para mostrar que a conversa pode continuar, que ja temos alguma coisa em comum.
- Gostas de futebol? O que fazes aqui?
E assim, numa distante provincia do Quenia, na zona dos Grandes Lagos, o Luis Figo serve de pretexto para uma conversa...
© Abelha Maia
Quarta-feira, 15 de Junho de 2005
entre dois urologistas a jogar ao mata:
Urologista1: − Opá, ganhei!
Urologista2: − Qual quê?! Quem ganhou fui eu que lhe retirei os dois rins!
Terça-feira, 14 de Junho de 2005
"A supporter of Iranian presidential candidate Mohammad Baqer Qalibaf listens to a speech by Qalibaf during a rally in Tehran June 14, 2005. Allies of Akbar Hashemi Rafsanjani, front-runner in Iran's presidential race, said on Tuesday he would probably fall short of an outright win in polls on Friday which analysts say are the closest in the Islamic state's history."
14 Jun 2005
REUTERS/Raheb Homavandi
Fonte: Reuters
... de vir para a varanda escrever foi feliz, mas não foi boa. O sol afrouxa-me os pensamentos e a falta de posição contrai-me os músculos, fazendo doer cada um deles no meu corpo.
Tinha em mente dissertar sobre o filme que vi ontem* à noite, mas esta moleza faz-me divagar, desconcentrando-me as ideias, indo estas desaguar, desordenadamente, ao documentário que vi na Sic-Notícias sobre a hiperactividade.
Comecemos, então, pelo documentário. Quem ligasse, assim, de repente a televisão pensaria que a Sam, uma rapariguinha aí de uns dez anos idade, estava possuída por um daqueles “espíritos” terríveis que costumam apoderar-se das crianças nos (maus) filmes de terror. Os cabelos compridos loiros, desgrenhados, ajudavam a convencer-nos e as correrias desenfreadas, comparáveis às de um potro selvagem, davam-nos a certeza. Mas não, a menina sofria de TDAH/THD, ou seja, a doença a que vulgarmente chamamos de hiperactividade. E se ser pai de uma criança destas não deve ser fácil – assim só a título de exemplo: eles batem, mordem, fogem, destroem tudo e mais alguma coisa, são impulsivos, não medem os riscos… e sobretudo, mexem-se muito, muito, TANTO que, só de ver, ficamos cansados – ser uma destas crianças – ou adultos – deve ser ainda mais complicado. É que o cérebro de um hiperactivo dá várias “ordens” de acção ao mesmo tempo… como o meu agora, bolas, que me está a dizer para escrever, para me levantar, para ir telefonar, para me ir arranjar… ai, cum caraças, que não é hoje que termino este texto… bolas, bolas, bolas e rebolas!...
* 6 de Março
O que faco no terreno...
Sempre que vou ao terreno, procuro visitar os 4 programas em curso, mas ate hoje so visitei 3.
Ir ao hospital e sempre uma experiencia dificil.
Da primeira vez que fui o que mais me impressionou foi saber qual e taxa de seropositivos na regiao. Cerca de 30%! E nas enfermarias do hospital... 75%! Impressionante! (Mais uma razao para assinar a peticao em: www.msf.org).
No hospital temos uma Clinica HIV – onde queremos iniciar o tratamento ARV dos doentes com sida.
Ainda com um cariz medico temos um programa de combate a tuberculose. Apoiamos a equipa distrital na supervisao de 25 centros de saude e estamos a iniciar uma experiencia numa ilha – Rusinga - com cerca de 20 mil habitantes, em que pretendemos que a comunidade assuma parte das tarefas normalmente confiadas aos centros de saude.
Tambem incentivamos a construcao de poços comunitarios numa das divisoes de Homa Bay – cerca de 20 poços, em que a MSF fornece os materiais, supervisiona os trabalhos e a comunidade participa com a mao-de-obra. Pretende-se combater as doencas transmitidas pelo consumo de agua nao potavel – normalmente vinda de charcos formados com a agua da chuva...
Por fim, e foi aqui que eu consegui “entrar” – IPP farmacia para os doentes internados no hospital. E frequente haver falhas no aprovisionamento de medicamentos no hospital. Os precos praticados nas farmacias privadas sao muito altos. A MSF iniciou em 1999 um projecto em conjunto com o hospital para a criacao de uma farmacia que funciona com o pessoal do hospital. O objectivo e garantir a disponibilidades de medicamentos a precos acessiveis aos pacientes mais carenciados. Ora, a MSF tem fornecido os medicamentos gratuitamente, mas esta chegada a altura de “passar o testemunho”. Para tal e necessario assinar um “Memorandum of understanding” e definir qual a taxa de recuperacao de custos pretendida, estabelecer qual vai ser a participacao da MSF no futuro (qual a lista de medicamentos que continua a ser fornecida gratuitamente) criar uma serie de procedimentos de controlo interno, quer de stocks, quer de movimento de fundos, etc, etc. Bem, mas antes e preciso compreender o que se passa no armazem, quais sao os medicamentos que vem da MSf e que vem directamente do Governo... Uma barafunda! E este o meu desafio nos proximos tempos!
Entretanto continuo a fazer a supervisao financeira e administrativa do Programa Homa Bay, incluindo os projectos que ja falei. ...
© Abelha Maia
Festival Internacional de Teatro de Rua
Santa Maria da Feira
Segunda-feira, 13 de Junho de 2005
Este ano com os La Fura Dels Baus...
... a não perder!